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Foto do escritorSérgio Veloso

Devemos ou não pesar o que comemos?


Uma pergunta comum de quem começa a seguir um regime mais rigoroso que requer maior controlo. Devemos pesar o que comemos? Não vou ficar paranóico? Preciso de andar com a balança sempre atrás?


O ganho ou perda de peso depende do balanço entre o aporte e o dispêndio energético. Quem fala em contrário ou não percebe nada do assunto, ou é simplesmente um aldrabão. Tão simples quanto isto. Num contexto perfeito, a ingestão seria regulada pelo apetite de forma a manter um determinado ponto de equilíbrio e tudo funcionaria automaticamente. Empiricamente só podemos concluir que esta regulação não é eficiente, ou porque o ponto de equilíbrio está deslocado num peso superior, ou porque os mecanismos de recompensa driblam o sistema homeostático que controla o apetite. Um tema complexo, mas no fundo resume-se ao contexto actual pautado por elevado stress, em sentido lato, num Mundo de abundância e facilitismo. Não nos podemos fiar apenas nos mecanismos internos intuitivos, pois em grande parte foram eles que nos engordaram. A fome precisa de um controlo consciente. E a intuição precisa de ferramentas que a balizem e permitam as melhores escolhas. Um exemplo na imagem. A tua intuição pode dizer-te que aquela tosta de ovo e abacate é saudável e ajuda-te a perder peso. A razão diz que tem mais de 500 kcal, e tenho duas opções. Ou reduzo a porção, ou fico melhor servido com uma tigela de Chocapic se a minha prioridade for perder peso. Não estou a dizer que é melhor opção, não é, mas garante um aporte calórico menor. Posso comê-la claro, mas sabendo que a margem ao longo do resto do dia será menor.


Reconhecer a importância da porção é fundamental num processo de perda de peso, bem como um conhecimento básico da constituição macro dos alimentos. É intuitivo que aquela posta de salmão na imagem de capa tem 520 kcal? Não é com medidas arbitrárias que lá vais. Um punhado meu de amêndoas são 400 kcal. Tenho colheres de sopa em casa que levam 20 g de arroz, outras o dobro. E depende da variedade ou ponto de confecção. Medem tanto 100 como 200 kcal de manteiga de amendoim, e a diferença não é assim tanta (na imagem). Meio abacate pode ter 80 kcal ou 160. Com todas as limitações e erro com que nos deparamos nos cálculos nutricionais, quantificar objectivamente é a melhor aproximação possível. Isto não significa que tenhas de pesar sempre tudo o que comes, a toda a hora. Nem que peses até a alface e o pepino. Mas fazê-lo com alguma consistência, principalmente os alimentos de maior densidade energética, vai permitir-te reconhecer "a olho" quantidades com suficiente precisão, e, ao contrário do que se ouve, dar a liberdade para gerir situações em que terás de ceder controlo sem comprometer resultados. Como refeições fora de casa por exemplo.


Se não o consegues fazer, aliviar esse controlo em certas circunstâncias, aí sim temos um problema, mas de outro foro e que já estaria certamente latente. Pesar os alimentos não provoca nenhum distúrbio alimentar. Às vezes parece que se quer rotular de "doente" qualquer pessoa que tenta ter controlo e cuidado sobre a sua alimentação. E ao contrário da dieta X ou Y, esta aprendizagem fica para a vida, quando percebes o que é uma porção adequada. Em qualquer regime que te peça a pesagem de alimentos, o grande objetivo deverá sempre ser que deixes de precisar da balança a seu tempo. Mesmo que a decidas continuar a usar. Não foi nos livros que eu aprendi a gerir as porções na minha dieta. Foi a pesar e a registar, até ao ponto de se tornar um processo automático e de conseguir quantificar um alimento e aproximar a sua composição nutricional só de olhar para ele. A educação alimentar também passa por saber reconhecer quantidades quando um alimento te é apresentado, mesmo sem uma balança ao lado. Agora sim estarás preparado para comer intuitivamente, mas de forma consciente.

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