Era uma vez um espermatozoide Y, masculino, que fecundou um óvulo e tiveram um zigoto XY. Se tudo corresse normalmente iria dar num menino, só que não. Até à sexta semana todos os embriões se desenvolvem como femininos. Altura em que são sinalizados por um gene, o SRY, a se desenvolverem como machos. A produção de testosterona aumenta e são determinados os órgãos sexuais masculinos. Mas nem sempre. Alguns embriões têm mutações que originam o que se chama de síndrome de insensibilidade a androgénios (AIS). Basicamente as células são meio “surdas” aos comandos da testosterona. Nos casos de AIS completa (CAIS) isso resulta numa criança que nasce com um fenótipo totalmente feminino, é criada como uma menina, e identifica-se como uma menina. Normalmente só descobre que algo está errado na puberdade. Não menstrua, muitas vezes é infértil, e aparenta-se um pouco masculinizada. Produz mais testosterona do que é normal para uma mulher, e apesar da insensibilidade à hormona acaba por desenvolver mais massa muscular que lhe confere uma capacidade atlética incomum. Mas não se identifica como um homem nem tem qualquer vontade em mudar de sexo. Mesmo quando os mais ignorantes a confundem com um homem trans pela sua aparência. Os “especialistas” dizem “ah mas ela é XY por isso é um homem”. Foi o que aprenderam no ensino secundário, mas não é a história tota. Ela nasceu com um "pipi", fenótipo genital feminino, foi educada como uma menina e sente-se uma mulher. Essa é a sua natureza, com um cromossoma Y que não se expressou normalmente durante o desenvolvimento.
Sim os níveis mais altos de testosterona intra-uterinos e na puberdade conferiram-lhe adaptações para maior capacidade atlética. Na adolescência começou a praticar boxe e descobriu que tinha queda para aquilo. Tornou-se atleta profissional. O boxe era a sua paixão e sempre competiu como mulher. Ganhou 36 combates e perdeu 9, contra outras mulheres. Mas em 2023 a Associação Internacional de Boxe (IBA) decidiu anular um título por ter falhado o teste genético de género. Em 2024 participou nos Jogos Olímpicos de Paris. Derrotou a atleta Italiana Angela Carini que desistiu depois de dois murros no focinho. Ajoelhou-se e começou a chorar porque a adversária era mais forte do que ela. “Não é justo”. A nossa atleta também já tinha sentido isso com as 9 mulheres que a venceram antes. Perder é uma merda. E Carini junta mais uma derrota ao seu histórico, com 84 vitórias e 23 derrotas. Faz parte do desporto. Quem disse que era justo?
Esta seria a história da Imane Khelif, a atleta argelina de que todos falam. Mas podia ser a tua filha. Estima-se que 1 em cada 15 000 “homens genéticos” nasçam como mulheres e sejam criadas como tal. Uma partida da Natureza. Mas não existe aqui qualquer crise de identidade. Sim a condição dela pode fazer com que bata com mais força. O tamanho do torso em relação às pernas e uma capacidade anormal de usar ácido láctico também fazem do Michael Phelps o nadador extraordinário que foi. Nunca vi ninguém se queixar disso. Eero Mäntyrantaé um atleta finlandês de sky cross-country que durante a sua carreira competitiva ganhou 7 medalhas olímpicas. Não tinha rival. Uma mutação genética faz com que produza 30-40% mais glóbulos vermelhos do que um homem comum, o que lhe confere uma vantagem competitiva tremenda sobre os outros atletas. Ninguém se recusou a competir com ele por causa disso, nem lhe retiraram as medalhas. A vantagem genética faz parte do desporto. É também ela que faz um atleta extraordinário. Não apenas o treino. A diferença é que vantagens deste tipo nós aceitamos como naturais e aplaudimos. Mas alguém que nasceu mulher, mesmo com um cariotipo XY, e que produz mais testosterona do que o normal não. Já mexe com questões sociais mais sensíveis.
A verdade é que muito pouco da discussão é sobre desporto, ou estaríamos aqui a falar de vantagem genética e não de género. É uma batalha ideológica de posições extremadas, da qual as organizações desportivas não se isentam de culpas. A IBA não tem boas relações com o COI, que não reconhece a IBA por “falta de transparência”. A IBA atribui $50 000 a Angela Carini como desafio ao COI, e apenas isso. O prémio monetário caso tivesse vencido a medalha de ouro. Como se fosse uma espécie de heroína ao ter feito frente a “um homem”, durante 46 segundos, antes de desistir. O que só serviu para polarizar ainda mais esta discussão. Mas a própria Carini veio pedir desculpa pela sua conduta pouco desportiva ao recusar o cumprimento de Khelif. Comportamento diferente teve Anna Luca Hamori, atleta húngara que foi derrotada este sábado por Khelif. Decisão do júri no final de o combate.
Eu não tenho uma solução para esta questão. Sou liminarmente contra a inclusão de atletas trans nas respectivas categorias. A mudança de sexo foi aqui uma decisão consciente. Mas o que fazer a estas atletas com síndrome de insensibilidade a androgénios e outras diferenças de desenvolvimento sexual (DSD)? Sim há uma vantagem competitiva destas atletas que deriva da sua condição. Ao contrário do que diz o Polígrafo sobre o assunto, é mentira que a testosterona não esteja associada ao rendimento desportivo. Não está se compararmos homens com homens, e níveis de testosterona dentro da amplitude fisiológica normal. Mas está entre sexos, onde a diferença nos níveis de testosterona é de 10-15 vezes. Nem consideram o impacto desses níveis mais altos de testosterona durante o desenvolvimento intra-uterino e adolescência. Não é por acaso que existem quase 10 000 homens mais rápidos que a mulher mais rápida do Mundo (inscritos da IAAF). Que os homens levantam em média 30% mais peso no halterofilismo, mesmo quando ajustado para a massa corporal, e dominam a generalidade dos desportos que dependem das capacidades físicas. Os homens têm maior quantidade e densidade de massa muscular, tecido conjuntivo e estruturas musculares passivas mais fortes, um maior rácio potência/peso, uma estrutura esquelética mais alongada, maior volume de sangue em circulação, uma concentração superior de glóbulos vermelhos, maior volume cardíaco e pulmonar, e um maior calibre da traqueia que confere uma capacidade e eficiência respiratória mais elevada, e portanto um VO2max cerca de 15% superior.
O que eu sei é que nem o desporto nem a sociedade ganham com a incongruência de critérios entre as associações desportivas. Já é tempo de se portarem como gente crescida e se sentarem para definir um consenso entre todos que defina claramente os direitos destas atletas DSD e o seu lugar no desporto. O que define o sexo na competição, como indicador biológico e não identitário. Para mim seria o fenótipo sexual à nascença. A vantagem genética faz parte do desporto, mesmo quando implica altos níveis inatos de testosterona numa mulher. Nem é legítimo obrigar a baixá-los quimicamente pois as drogas que o fazem têm implicações colaterais sérias a nível fisiológico e psicológico. E não existem provas de que isso afecte a curto prazo o desempenho dessa atleta. Apenas a sua dignidade. Assim como criar uma categoria exclusiva para DSDs. Mas uma coisa é certa. Confundir esta questão com a problemática dos transgénero é pura ignorância ou má fé.
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