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Foto do escritorSérgio Veloso

Aplicações para registo e monitorização de calorias ou macros

Uma pergunta que me colocam frequentemente. Devemos usá-las? Existem várias apps para registo do diário alimentar e cálculo do aporte energético ou partição de macronutrientes. A quantidade e proporção de hidratos de carbono, lípidos e proteína na dieta. A MyFitnessPal deverá ser a mais conhecida e usada, mas até numa simples folha de cálculo isso é possível fazer. Até que ponto esta monitorização diária pode ser útil para perda ou manutenção do peso? Estas apps são precisas no cálculo?


A evidência disponível sugere que de facto podem ser ferramentas úteis, pelo menos a curto prazo, para adesão e sucesso na perda de peso. Alguns têm associado o uso destas aplicações a distúrbios alimentares, embora às vezes pareça que se faz confusão entre ser criterioso e “controlador” do que se come com uma perturbação psicológica. É tão comum comer mal e sem critério que os outros são sempre os estranhos. Mas a educação alimentar passa por criar conhecimento e automatismos que permitam fazer as suas escolhas de forma consciente, com o que se tem disponível. Como é isto possível sem noções, mesmo que básicas, da constituição dos alimentos e do que fornecem? Já não vivemos num mundo limitado pela escassez, mas onde somos obrigados a escolher de uma ampla oferta. Como é que a tua intuição vai estar certa se não percebes porra nenhuma de nutrição e o que os alimentos ofertam? Se para ti macedónia conta como hortícola, e o milho é um legume? Se achas que podes comer abacate à descrição porque dizem que é saudável, e achas que uma quiche é melhor opção do que um bife com arroz e salada só porque se vende no Celeiro?


O recurso a estas apps pode ser interessante nesse sentido, numa etapa precoce, de forma a ganhar consciência do que se come e do que são porções adequadas, mesmo numa estimativa grosseira sem quantificação rigorosa. Todos estes cálculos têm uma margem de erro grande. É um exercício muito útil, mesmo que apenas durante uns dias. Claro que o uso destas ferramentas depende sempre do caso em mãos. Do compromisso e capacidade de as usar. Não são para todos, e nem todos estão dispostos a isso. Nem têm de estar. E na verdade, muitos necessitam de alguma orientação já que nem toda a informação nutricional dos alimentos está correcta. É preciso saber selecionar e filtrar quando se tratam de alimentos não-rotulados. Nem as metas teóricas sugeridas pela aplicação devem ser tidas em conta.


Mas um exercício ainda mais proveitoso com estas apps é usa-las no planeamento e não numa análise retrospectiva. Não para registar o que se comeu, mas para planear o dia seguinte. Evitar o improviso tanto quanto possível é um hábito de sucesso para perda e manutenção do peso. Os "desvios" mesmo que ocorram serão menores e mais controlados. E acima de tudo, conscientes.


Procurar o controlo da nossa alimentação não é uma doença, mas uma forma de reduzir ansiedade, stress e evitar escolhas erradas. Devemos estar presos a estas apps e usá-las sempre? Não. Mas registos periódicos ajudam à competência alimentar e a uma flexibilização consciente. Claro que podes delegar esse trabalho ao nutricionista, mas é impossível prever todas as situações com que terás de lidar. O objectivo principal da consulta deverá ser a autonomia e trabalhar para que deixes de precisar dele. Só assim estás preparado para comer intuitivamente.

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