Ontem mostraram-me a partilha descontraída de um “influencer” com um cupão de desconto para compra de SARMs online, selective androgen receptor modulators, e substâncias aparentadas. É difícil de entender que isso é ILEGAL? Apesar dos SARMs, o MK-677 (Ibutamoren) e GW50156 (cardarine) estarem na sombra de um vazio legal por serem “research chemicals”, sem controlo de posse ou venda, o marketing para uso humano é ILEGAL e atenta contra a saúde pública. Por isso na embalagem vem muitas vezes escrito “not for human use”. Não estão aprovadas pelo regulador e algumas ainda estão em fase de testes.
Mas nem todas… A GSK desistiu do GW50156 ainda durante ensaios pré-clínicos quando deu conta de tumores múltiplos em ratinhos com a administração da droga. A investigação do S4 (Andarine) também foi abandonada devido a distúrbios de visão. E não é verdade que os SARMS sejam isentos de efeitos secundários. Os trials têm mostrado redução dos níveis de testosterona com doses bem mais baixas do que as usadas para fins recreativos. Aliás, o S23 foi lançado como um contraceptivo masculino. Os estudos estão numa fase preliminar e ainda não é possível sequer prever efeitos a médio-longo prazo.
E quanto à qualidade dos produtos? A análise a produtos apreendidos na alfândega dos EUA diz-nos que apenas 41% estavam de acordo com a rotulagem e continham SARMs da quantidade indicada. Como é óbvio, estas substâncias provêm da China pois no “mundo regulado” estão protegidas por patentes detidas pelas farmacêuticas que investem nos ensaios. A promoção do seu uso em humanos é também uma violação da propriedade. Além de constarem da lista da WADA de substâncias dopantes proibidas, embora isso se aplique apenas ao desporto de competição e não tenha outra validade legal.
Entre os esteróides anabolizantes e SARMs venha o diabo e escolha, embora com os primeiros pelo menos se saiba com o que contar. Os SARMs não são uma alternativa menos prejudicial aos esteróides, e muito menos um suplemento alimentar.
Comments