Muito estigma e preconceito ainda existe em relação aos suplementos alimentares por parte da comunidade médica, sem querer generalizar, e até por nutricionistas diga-se, principalmente em relação aos suplementos desportivos que se destinam ao ganho de massa muscular. O que me irrita, porque claramente não sabem do que falam. No mês passado saiu um artigo na revista do Expresso sobre os perigos dos alimentos proteicos 😱, onde como seria de esperar não resistiram a espetar o alfinete nos suplementos. Em particular uma reconhecida endocrinologista da nossa praça, de quem deixo esta citação:
Portanto nós temos três categorias de produtos proteicos: os da farmácia, do supermercado, e do ginásio. Que refinamento técnico de classificação. Os da farmácia são bons, mas os que se vendem no ginásio não. Como sabem, os ginásios nem são locais de venda habitual de suplementos, e muitas farmácias vendem os mesmos que encontramos em lojas de nutrição desportiva, além da nutrição entérica especial a que se querem referir. E no supermercado também existem os mesmos suplementos, e também estes não estão sob alçada do Infarmed como é óbvio. Nem a whey que a Danone mete num YoPRO. Estão ambos na esfera regulamentar da DGAV.
E quanto aos esteróides? Vamos a factos. Desde 2007 que a FDA guarda registo público de todos os suplementos contaminados com algum tipo de substância ilícita ou perigosa. Dos ~900 produtos até hoje, apenas 12% são destinados ao ganho de massa muscular. Todos eles pro-hormonais, e NENHUM é um suplemento proteico. Pondo em perspectiva, só em 2019, pré-pandemia, 513 medicamentos foram retirados do mercado pela mesma agência por se considerarem perigosos ao ponto de poderem causar complicações severas ou até morte (risco classe I). Um ano “mau”, mas em média são ~150 por ano, valor que sobe para mais de 1000 se considerarmos as classes de risco I e II (perigo potencial para a saúde). Suplementos foram ~900 em 15 anos.
Sim existem casos de fraude e até contaminação, mas são raríssimos! De uma forma geral, os suplementos são seguros, e os proteicos mais ainda. Se são necessários já é outra questão que não pode ser confundida por mero preconceito, sem o mínimo interesse pela verdade dos factos. Afirmações como estas não são mais do que terrorismo nutricional que instigam o medo infundado dos consumidores menos informados
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